Adolescente Ansioso?
Entenda o Que Está Acontecendo e Como Ajudar
Laura
4/29/20254 min read


A adolescência é um período de intensas mudanças físicas, sociais e emocionais. A busca por identidade, a pressão por desempenho escolar e a necessidade de aceitação social podem tornar essa fase especialmente sensível.
Dados do Ministério da Saúde apontam que, nos últimos anos, adolescentes passaram a apresentar mais sintomas de ansiedade do que adultos no Brasil. Essa ansiedade pode aparecer como irritabilidade, retraimento, compulsão alimentar, insônia ou excesso de preocupação com o futuro.
Sintomas comuns:
Irritabilidade
Preocupações com desempenho ou futuro
Medo de julgamento social
Insônia ou problemas de sono
Compulsão alimentar ou abstenção alimentar
Isolamento
Como a TCC ajuda os adolescentes a lidarem com a ansiedade
Na TCC com adolescentes, o trabalho parte do desenvolvimento da autorreflexão. São usadas ferramentas como: registros de pensamentos automáticos, análise de situações-problema, psicoeducação sobre emoções e construção de habilidades sociais.
Exemplos práticos:
Uma adolescente que teme ser julgada na escola pode pensar: “Todos vão rir de mim”. Junto com o terapeuta, ela avalia esse pensamento, identifica provas contra e a favor, aprende a reformulá-lo (“Algumas pessoas podem me achar diferente, e tudo bem”) e encara desafios sociais em etapas.
Dicas para pais e responsáveis ajudarem crianças ansiosas
Presença com respeito, escuta ativa e estímulo à autonomia
Na adolescência, a ansiedade pode vir acompanhada de comportamentos intensos, mudanças de humor e até mesmo isolamento. É uma fase de transformações profundas — no corpo, nas relações e na forma de ver o mundo —, e por isso, o suporte da família precisa encontrar o equilíbrio entre acolher e respeitar o espaço do adolescente. A seguir, algumas orientações práticas que fazem parte da abordagem cognitivo-comportamental e que podem fazer toda a diferença:
✅ Esteja disponível, mas sem forçar o diálogo
Exemplo: “Tô por aqui se quiser conversar, tá?” ou “Quando quiser falar sobre isso, pode contar comigo.”
🔎 Por que isso ajuda:
Adolescentes valorizam a autonomia e podem resistir à ideia de “ter que falar”. Mostrar disponibilidade sem pressão ajuda a manter a conexão e dá liberdade para que o adolescente escolha o momento de se abrir. A TCC reconhece a importância da aliança terapêutica e da percepção de segurança emocional como base para qualquer mudança (Judith Beck, 2020). Essa mesma lógica vale para as relações familiares.
✅ Valide a dor emocional mesmo quando ela parece exagerada
Exemplo: “Imagino que isso tenha doído pra você.” ou “Parece que foi um dia bem difícil mesmo.”
🔎 Por que isso ajuda:
Para o adolescente, tudo é vivido com intensidade: a ansiedade sobre o futuro, o medo de rejeição, a vergonha, o desempenho escolar. Quando a dor é minimizada (“isso é drama”, “você não tem motivo pra isso”), o jovem pode se sentir isolado e incompreendido — o que piora os sintomas ansiosos. Validar a experiência emocional, mesmo sem concordar com ela, é um dos fundamentos da escuta ativa e da TCC, que ajuda a construir autorregulação e estratégias mais funcionais (Petersen, 2009; Beck, 2020).
✅ Incentive pequenas conquistas e a construção de autonomia
Exemplo: “Você conseguiu pedir ajuda pro professor, que bom!” ou “Você conseguiu ir mesmo com medo, isso é coragem.”
🔎 Por que isso ajuda:
A ansiedade frequentemente leva à evitação: o adolescente evita o que o faz se sentir desconfortável, o que mantém o ciclo da ansiedade ativo. A TCC propõe o enfrentamento gradual, onde a pessoa vai enfrentando desafios aos poucos e reconhecendo suas vitórias. Ao valorizar essas pequenas ações, a família ajuda a reforçar a percepção de competência e autoestima (Artmed, 2022).
✅ Sugira atividades que fortaleçam a autoestima e o senso de competência
Exemplo: Esportes em grupo, aula de violão, dança, arte, voluntariado, escrever, fotografar...
🔎 Por que isso ajuda:
A construção da identidade na adolescência passa muito pela experimentação. Atividades que envolvem expressão, corpo e criatividade ajudam a desenvolver habilidades socioemocionais, criam pertencimento e funcionam como formas saudáveis de liberar tensão. Além disso, quanto mais o adolescente sente que é bom em algo, menos espaço a ansiedade ocupa na definição de quem ele é (Beck, 2020).
🆘 Quando procurar ajuda?
A adolescência é uma fase de muitas transformações — físicas, emocionais e sociais. É natural que alguns comportamentos mudem, e que o adolescente experimente inseguranças e medos. Porém, quando a ansiedade começa a dominar o cotidiano, é hora de observar com mais atenção.
Considere buscar ajuda profissional quando:
A ansiedade interfere na escola, nos relacionamentos ou nas atividades do dia a dia.
O adolescente apresenta crises de choro, irritabilidade ou isolamento frequente.
Há dificuldades em dormir, alterações de apetite ou queixas físicas sem causa médica (como dores de cabeça ou estômago).
Ele evita situações sociais por medo de julgamento, como apresentações em sala de aula ou sair com amigos.
Apresenta pensamentos negativos recorrentes, baixa autoestima ou sensação constante de estar “sobrecarregado”.
A família sente que já tentou ajudar, mas a situação permanece difícil ou está se agravando.
A psicoterapia pode ser um espaço seguro para o adolescente se expressar sem julgamentos, aprender a lidar com as próprias emoções e desenvolver ferramentas para enfrentar os desafios da vida com mais confiança.
Procurar ajuda é um passo de coragem — tanto para o adolescente quanto para a família.